Sacolas plásticas: um problema ambiental bastante complicado

Nas enchentes em grandes ou pequenos municípios elas são as vilãs. As sacolas de plástico demoram pelo menos 300 anos para se decompor no meio ambiente. Em todo o mundo são produzidos 500 bilhões de unidades a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por dia ou a 1 milhão por minuto. No Brasil, 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente – o que dá 66 sacolas por brasileiro ao mês.

No total, são 210 mil toneladas de plástico filme, a matéria-prima das sacolas, ou 10% de todo o detrito do país. Algumas alternativas estão sendo adotadas. Uma delas, muito popular na Europa e nos Estados Unidos, é o uso de sacolas de pano ou sacos e caixas de papel.

Ao nível da normalização desse produto, o Instituto Nacional do Plástico (INP) e a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (ABIEF) possuem o Programa da Qualidade de Sacolas Plásticas, com a finalidade de estimular os fabricantes a conquistar a certificação na ABNT NBR 14937:2005, garantindo um importante diferencial no mercado. A versão revisada dessa norma, Sacolas plásticas tipo camiseta – Requisitos e métodos de ensaio, foi publicada em setembro de 2005, em substituição ao documento lançado em 2003. O processo de revisão exigiu estudos que compreenderam desde a qualidade do material, até a necessidade de se imprimir alerta sobre o risco de sufocamento de crianças. A norma passou a incorporar requisitos de produção e vários métodos de ensaio capazes de assegurar que as sacolas suportam mesmo o peso anunciado pelos fabricantes.

A norma estabelece os requisitos mínimos e métodos de ensaio para fabricação de sacolas plásticas tipo camiseta, destinadas ao transporte de produtos distribuídos no varejo. Mas não especifica, por exemplo, o tamanho das sacolas, deixando claro apenas que devem suportar a carga contratada entre fornecedor e cliente. Além do alerta sobre perigo de sufocamento, devem conter identificação do fabricante e o símbolo de reciclagem quando for o caso, entre outras informações. O objetivo desta iniciativa é a certificação, mas para conquistá-la os fabricantes serão submetidos a avaliação de seu sistema da qualidade, para que se possa verificar se há uma constância em seu processo produtivo ou variações na fabricação das sacolas.

Quando a sacola se rasga, a questão não é quebrar um vidro de azeitona, por exemplo, mas sim provocar um acidente mais grave, um ferimento. Isso pode gerar um sério problema porque, com a Lei de Defesa do Consumidor, o brasileiro está aprendendo a reivindicar seus direitos e já não hesita em entrar na Justiça com uma queixa-crime contra o estabelecimento que lhe causou o dano. Num caso desses, o supermercado é obrigado a ressarcir o cliente pelo dano, mas não consegue evitar o desgaste da sua imagem.

Num balcão de caixa, é comum ver pessoas utilizando duas ou três sacolas para carregar produtos mais pesados, como garrafas. Com a certificação, essa prática usual deve ser abandonada, revertendo em vantagem econômica para o comerciante. Se hjá um padrão no qual o consumidor acredita, ele usará apenas uma sacola e é o supermercado que vai economizar, porque a embalagem, a sacola plástica, é custo para o estabelecimento, ela não é vendida. Outro ponto positivo da iniciativa é que a certificação pode ser um requisito contratual. Basta que o supermercado se disponha a comprar sacolas apenas de fornecedores que atendam à norma ABNT NBR 14937:2005.

Segundo o Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos (Plastivida), atualmente, mais de 3 bilhões de sacolas são produzidas no mercado brasileiro com Selo de Qualidade, por nove empresas credenciadas. Até 2010, mais seis empresas deverão ser credenciadas totalizando 15. O Programa, lançado em 2007, tem como objetivo de promover a conscientização e a redução do desperdício no varejo e disseminar as práticas dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Nessa linha, já alcançou resultados significativos sobre a redução do uso de sacolas plásticas.

Em 2007, o consumo de sacolinhas, no Brasil, foi de 17,9 bilhões. Já em 2008, passou para 16,2 bilhões e fechou 2009 com 15 bilhões, uma redução de 16,2% do início do programa até agora. Os dados mostram que, com sacolas dentro de norma, o consumidor não precisa colocar uma sacola dentro da outra para carregar as compras ou não encher totalmente e utilizá-la somente pela metade. Entre as redes que participam do Programa estão o Pão de Açúcar, G.Barbosa, Zaffari, Unidasul, Rede Mix, entre outras.

As sacolas plásticas também são amplamente reutilizadas no Brasil e o público que mais a utiliza são as donas de casas, em forma de embalagens para acondicionar lixo, recipientes para diversos fins, como guarda-chuva, embalar alimentos, roupa molha, tênis em mala para viagem, objetos para levar à academia, entre outros. Pesquisa Ibope, realizada com mulheres das classes B, C e D, responsáveis pelas compras de seus domicílios, revela que 100% delas reutilizam as sacolas plásticas para acondicionar o lixo doméstico, 71% consideram as sacolinhas como a embalagem ideal para carregar suas compras e 75% dizem que é função do varejo seu fornecimento.

Uma outra solução tentada foram as sacolas oxibiodegradáveis, um plástico que se diz biodegradável, mas que é, na verdade, um engodo ambiental já que somente se esfarela – e não se biodegrada – tornando-se um pó plástico, sem a menor possibilidade de se coletado e contaminando rios, lençóis freáticos e solos. Segundo o Plastivida, não preenchem os requisitos das normas técnicas nacionais e internacionais para que ocorra a biodegradação. Portanto, não são biodegradáveis.

“Os plásticos oxidegradáveis, quando começam a se degradar, dividem-se em milhares de pedacinhos. No fim do processo não vão desaparecer, e sim virar um pó que facilmente irá parar nos córregos, rios, represas, lagos e mares. Isso significa que nossa geração poderá beber involuntariamente plástico oxidegradável misturado à água! E mais: os fragmentos poderão ser ingeridos por animais silvestres, criações nas fazendas, pássaros e peixes, causando sérios danos econômicos e ambientais, com consequências imprevisíveis”, informa a instituição.

E o que fazer: Banir ou usar conscientemente as sacolas plásticas? Depende de cada um, logicamente. Contudo, se puder, pode-se levar a própria sacola ao fazer as compras. Assim, pode-se deixar de usar (e, posteriormente, descartar) vários sacolas plásticas. Se não for possível, procure encher bem cada uma delas para reduzir a quantidade deles que se leva para casa e que irão parar no lixo.

Fonte: Qualidade Online

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