O Apagão e o Serrote

O Apagão e o Serrote                                                                        
Por: Prof. Oceano Zacharias                                                                  

– “Estou vendo uma luz no fim do túnel…”

– “É o trem do governo na contramão.”

Assim começavam os jocosos comentários a respeito de uma das mais frustrantes situações que pode passar uma nação: estancar seu crescimento – com os motores acelerando – por pura e total incompetência governamental.

– Muitos empresários me perguntam: “E agora?”. “Agora”, respondo, “é hora de afiar o serrote”.

Dois fortes lenhadores apostaram quem serraria mais árvores até o por-do-sol. O primeiro trabalhou incansavelmente o dia todo, enquanto o segundo dava umas paradinhas de quando-em-quando, ao que o primeiro pensava: “Este já era!”. Ao final do dia, ao contar das derrubadas, o segundo havia feito seis árvores a mais. “Como? Impossível. Eu não parei nem um minuto… O que você fez?” Disse o segundo lenhador: “Caro amigo, veja sua ferramenta de trabalho: está cega, quase nada produz. De vez em quando pare para afiar seu serrote”.

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Brasil, Japão, USA, Chile ou França, não importa: em qualquer país as empresas têm seus altos e baixos (é verdade que aqui ainda temos que agüentar as intempéries brasilienses!). Mas, voltemos ao problema das nossas empresas.

Fazer frente a produtos de melhor qualidade e preço competitivo implica em grandes mudanças e adaptações. Mudanças caracterizadas pelo aperfeiçoamento do processo e adaptações do produto ao mercado.

Ao longo da vida de uma organização, a sazonalidade do negócio é algo que temos de aprender a dominar – e haja coração! Quem não teve seus momentos extremamente difíceis, mas também suas boas lembranças… É, no entanto, uma das condições mais críticas para um dirigente saber o que fazer em cada situação. A questão – que é Mundial – é saber administrar num contexto tal como este, onde as variáveis principais são as dúvidas e as ameaças, representadas pelo binômio Competição x Sobrevivência.

Este é o momento de investir. Eu explico.

A vida de uma empresa, em certas épocas, é como uma “onda”- tem seus altos e baixos.

Quando a empresa está em ritmo intenso de vendas e produção (chamamos de CRISTA da curva) é o momento de não deixar espaço para erros e equívocos; é quando falhar pode custar a perda até do principal cliente, é quando a preocupação é “manter a rota”, é jogar o jogo com a máxima concentração e competência. Não é hora de arriscar com novos testes ou novos procedimentos, ou com um novo gerente geral “amigo do meu cunhado”. Férias? nem pensar!!! É hora de acumular ganhos e não perder pontos.

Agora, nos períodos de baixa (chamamos de VALE da curva) é que certas decisões deveriam ser tomadas e certas ações efetivadas. Equivocadamente, não é o que pensa a maioria dos dirigentes. Senão, vejamos.

Vamos partir da premissa que o bom Gerenciamento de uma Empresa pressupõe que a Direção busque administrar a produtividade dos funcionários, incrementar uma cultura organizacional com clima de confiança, manter e conferir os compromissos assumidos com o cliente, melhorar a qualidade, possuir um planejamento eficaz, reduzir as perdas internas, promover um ambiente de trabalho seguro, conhecer novos equipamentos, gerenciar o tempo e os resultados, etc. etc. etc. Mas, a questão é que nada disso nasce sozinho; requer vontade, tempo, dedicação, perseverança… E quando fazer? Quando as vendas e a produção estiverem em ritmo acelerado, onde um simples piscar d’olhos fará estragos terríveis? ou, por outro lado, quando em ritmo brando, onde há o tempo necessário para testar, errar (por que não?) e aprender? Pois bem, este é o momento certo de investir, no sentido amplo do termo.

É hora de rever os procedimentos da Empresa,

De fazer as adequações de pessoal,

De ensaiar um novo método de trabalho,

De melhorar os processos produtivos, administrativos e comerciais,

De implantar o novo software,

De testar novas admissões,

De calibrar e aferir os instrumentos,

De treinar fortemente a equipe de vendas,

De investir na melhoria da comunicação interna,

De desenvolver um novo produto,

De avaliar o cálculo de custos de produção,

De treinar as pessoas em novas funções,

De implantar uma nova técnica de planejamento,

De assistir palestras e seminários,

De limpar, organizar e pintar a fábrica,

De ir às feiras e exposições,

De testar o P.L.R.,

De criar uma nova abordagem comercial,

De treinar os gerentes,

De cuidar dos procedimentos de segurança e higiene,

De pesquisar novas máquinas e equipamentos,

De desenhar um criativo (e barato!) catálogo de produtos,

De mensurar detalhadamente os desperdícios,

De não deixar o clima interno esmorecer,

…e de refazer o Planejamento Estratégico da empresa! Essa é a hora de “afiar o serrote”!. O Apagão breve será apagado – como tudo na vida que já passou. Mas daquela forma as pessoas com certeza sentirão que cresceram, e a Empresa mais ainda; afinal, o tempo sempre passa, e cada vez mais rápido – e assim será com este que agora está. Pense nisso, e boa sorte!

Revista Tecn. e Vidro – n° 10 – Junho/Julho 2001
Revista World Bussiness- Novembro 2001 – Ano I – Edição 1

 

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