Materiais recicláveis

Materiais recicláveis
Entre novembro de 2008 e fevereiro de 2009, o setor de reciclagem foi afetado pela crise internacional. Como os preços dos recicláveis são ditados pela Bolsa de Valores de Londres, as commodities de materiais recicláveis (aparas de papel, sucata de ferro e plásticos) são classificadas como matérias primas que têm seu preço cotado de forma global.

Isso significa que os materiais coletados pelos catadores têm preços, são negociados em vários países e estão sujeitos às variações que as indústrias praticam ao redor do mundo, cotados em dólar. No Brasil, por exemplo, o preço do quilo de plástico caiu de R$ 1 para R$ 0,60, e o do plástico de garrafas pet, de R$ 1,20 para R$ 0,35. A redução também foi drástica para os preços do quilo do jornal, dos papelões especiais e finos e dos papéis misturados e brancos.

Essas informações constam no artigo “A crise financeira e os catadores de materiais recicláveis”, produzido pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Segundo a instituição (http://www.mncr.org.br/), a reciclagem quebrou no país com indústrias de beneficiamento fechando as portas e a consequente ocorrência de milhares de demissões. “Os efeitos”, afirma o documento, “podem ser vistos até hoje, pois o setor não se recuperou por completo.”

Estimativas do movimento apontam que no Brasil 90% de tudo que é reciclado vêm das mãos dos cerca de 800 mil catadores e catadoras em atividade nas ruas das metrópoles, que atuam dentro de lixões a céu aberto ou organizados em cooperativas e associações. Quem mais sofreu com a crise, na visão do MNCR, foram os catadores de materiais recicláveis, “a ponta de uma cadeia produtiva injusta, conhecida como cadeia produtiva suja – um sistema de produção que é sustentado pelo trabalho precarizado de catadores que exercem a atividade sem qualquer vínculo empregatício.”

No que respeita às cooperativas e associações de catadores que sobrevivem exclusivamente da coleta e venda de materiais recicláveis, a queda no valor pago pelos materiais afetou diretamente a renda familiar dos associados. Estima-se que esta queda tenha sido de 62%, em média. Sem ter como pagar os custos operacionais para realizar a coleta, pagar impostos e despesas administrativas, centenas destas organizações se viram falidas. A maior parte dos associados deixou as organizações à procura de outras alternativas de trabalho, quase sempre informais.

O preço do quilo do plástico, por exemplo, caiu de R$ 1,00 para R$ 0,60, e o do plástico de garrafas pet, de R$ 1,20 para R$ 0,35. Entre setembro de 2008 e janeiro de 2009, o preço do quilo de papelão especial reduziu-se de R$ 0,47 para R$ 0,12; do papelão fino, de R$ 0,37 para R$ 0,10; do jornal, de R$ 0,27 para R$ 0,08; do papel misturado, de R$ 0,15 para R$ 0,01; e do papel branco, de R$ 0,47 para R$ 0,30. Em São Paulo, o ferro, que em setembro de 2008 custava R$ 0,42 o quilo, em novembro do mesmo ano encontrava-se a R$ 0,16.

Se a situação dos catadores nas organizações foi difícil, a dos catadores que trabalham individualmente foi ainda pior. Sem ter acesso a equipamentos que gerassem escala de produção, estes catadores tornaram-se presas ainda mais frágeis durante a crise, que promoveu a fome e o desespero. A renda dos catadores varia entre R$ 70 e R$ 140 mensais (média nacional), segundo dados de 2006 do Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia – Grupo de Estudos de Relações Intersetoriais (Geri) – sobre o custo de um posto de trabalho para o segmento dos catadores de materiais recicláveis; no estado de São Paulo, esta média aumenta um pouco, para cerca de R$ 200 mensais

Na verdade, a reciclagem no Brasil é pelos catadores do lixo de forma informal. Os programas criados pelo poder púbico, muitas vezes em parecia com os catadores, também têm se difundido. Entre os principais méritos da reciclagem estão o de reduzir o volume de lixo de difícil degradação, o de contribuir para a economia de recursos naturais, ode prolongar a vida útil dos aterros sanitários, o de diminuir a poluição do solo, da água e do ar e o de evitar o desperdício, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Trata-se de um processo de transformação de materiais para reaproveitamento na indústria e na agricultura.

São basicamente dois os modelos de programas de reciclagem implantados em municípios brasileiros: coleta seletiva de lixo e usinas de reciclagem. Há muitos exemplos de cidades em que a reciclagem já atingiu um estágio avançado, com resultados importantes. Curitiba (PR), com o programa “Lixo que não é lixo”, implantado há 10 anos, representa uma experiência bem sucedida.

Mas, de acordo com o levantamento da Unicef sobre a destinação final do lixo no Brasil, constata-se uma precária situação na maioria dos municípios: 88% deles não possuem conselho de meio ambiente, tido como principal instrumento de controle dos problemas ambientais. Apenas 34% das cidades têm um órgão ambiental especifico, em 25% são outras instâncias que respondem pela área ambiental e em 41% não há qualquer órgão responsável pela gestão ambiental.

 

Fonte: Qualidade Online

 

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